Dr. Wilson Morikawa Jr.

Dr. Wilson Morikawa Jr. - Médico Especialista no Tratamento da Doença de Parkinson

Doença de Parkinson,Neuromodulação

Estimulação Cerebral para Parkinson: Tem Risco?

A estimulação cerebral profunda (DBS) tem se tornado uma das opções mais promissoras no tratamento da doença de Parkinson, especialmente para pacientes que não obtêm alívio adequado com a terapia medicamentosa. Contudo, uma pergunta frequente é: “Estimulação cerebral para Parkinson tem risco?” Neste artigo, vamos analisar os riscos associados a essa cirurgia, como eles são gerenciados e os benefícios que podem superar os potenciais perigos.

O Que É a Estimulação Cerebral Profunda (DBS)?

A DBS é um procedimento cirúrgico no qual eletrodos finos são implantados em áreas específicas do cérebro, como o núcleo subtalâmico (STN) ou o globo pálido interno (GPi). Esses eletrodos são conectados a um gerador de pulsos, geralmente colocado sob a pele do tórax, que emite impulsos elétricos controlados. O objetivo é modular a atividade neural e reduzir os sintomas motores do Parkinson – como tremores, rigidez e bradicinesia – proporcionando uma melhora significativa na qualidade de vida.

Quais São os Riscos Associados à DBS?

Como qualquer procedimento cirúrgico, a DBS envolve riscos que devem ser cuidadosamente avaliados. Entre os principais riscos estão:

1. Riscos Cirúrgicos

  • Infecção: Como em qualquer cirurgia, há risco de infecção no local da incisão ou ao redor do dispositivo implantado. Protocolos rigorosos de esterilização e o uso de antibióticos profiláticos ajudam a minimizar essa ocorrência.
  • Hemorragia Cerebral: Embora rara, a perfuração de vasos sanguíneos durante a inserção dos eletrodos pode levar a sangramentos intracranianos. Este risco é monitorado através de técnicas de imagem de alta precisão e acompanhamento intraoperatório.
  • Complicações Anestésicas: A anestesia, seja local ou geral, também apresenta seus próprios riscos, principalmente em pacientes com comorbidades.

2. Riscos Relacionados ao Dispositivo

  • Malfuncionamento: O gerador de pulsos ou os eletrodos podem apresentar falhas técnicas, exigindo ajustes ou, em casos raros, reintervenção cirúrgica.
  • Deslocamento dos Eletrodos: Em alguns casos, os eletrodos podem se mover do local ideal, comprometendo a eficácia do tratamento e necessitando de reposicionamento.
  • Interferência Eletromagnética: Pacientes com DBS devem ter cautela com aparelhos que possam interferir no dispositivo, como alguns tipos de equipamentos médicos e campos magnéticos intensos.

3. Efeitos Neurológicos e Cognitivos

  • Alterações Cognitivas: Embora não seja comum, alguns pacientes podem apresentar dificuldades na memória, concentração ou outras funções cognitivas após a cirurgia.
  • Modificações no Humor: Mudanças de humor, depressão ou ansiedade podem ocorrer, em parte devido à modulação dos circuitos neurais. O acompanhamento por uma equipe multidisciplinar, que inclui neurologistas e psiquiatras, é fundamental para gerenciar esses efeitos.

Medidas para Minimizar os Riscos

A segurança da DBS tem sido aprimorada ao longo dos anos, graças a avanços tecnológicos e protocolos cirúrgicos rigorosos. Algumas das medidas adotadas incluem:

  • Avaliação Rigorosa dos Pacientes: Antes da cirurgia, uma avaliação completa (incluindo exames de imagem, testes neuropsicológicos e avaliação de comorbidades) ajuda a identificar os candidatos ideais e reduzir riscos.
  • Técnicas de Cirurgia Guiada por Imagem: O uso de ressonância magnética e outros métodos de imagem de alta resolução permite a colocação precisa dos eletrodos, diminuindo a probabilidade de complicações.
  • Monitoramento Intraoperatório: Durante a cirurgia, o monitoramento contínuo da função neurológica (às vezes com o paciente acordado) permite ajustes imediatos, garantindo que os eletrodos estejam no local correto.
  • Acompanhamento Pós-Operatório: Consultas regulares para ajustes do dispositivo e acompanhamento neurológico são essenciais para identificar e tratar precocemente quaisquer complicações.

Segurança e Resultados a Longo Prazo

Diversos estudos científicos demonstram que, apesar dos riscos inerentes, a DBS é considerada uma técnica segura e eficaz para o tratamento do Parkinson. Dados de estudos de longo prazo indicam:

  • Melhora Sustentada dos Sintomas Motores: A maioria dos pacientes experimenta uma redução significativa dos sintomas motores, o que melhora a qualidade de vida e a capacidade de realizar atividades diárias.
  • Redução na Dependência de Medicamentos: Com a DBS, muitos pacientes conseguem reduzir a dosagem de medicamentos como a levodopa, o que também diminui os efeitos colaterais associados.
  • Estabilidade dos Benefícios: Embora o Parkinson seja uma doença progressiva, os benefícios da DBS tendem a ser mantidos ao longo dos anos, especialmente com o acompanhamento e ajustes adequados do dispositivo.

Estudos sistemáticos e metanálises reforçam que os riscos da DBS são baixos quando realizados por equipes experientes e em centros especializados. Pacientes que se submetem a esse procedimento relatam uma melhora expressiva não apenas nos sintomas motores, mas também na qualidade de vida e na autonomia.

Depoimentos e Experiências de Pacientes

Muitos pacientes que passaram pela cirurgia de DBS compartilham depoimentos positivos, destacando:

  • A significativa redução dos tremores e da rigidez muscular.
  • A capacidade de retomar atividades cotidianas que antes eram impossíveis.
  • A satisfação geral com a redução dos efeitos colaterais dos medicamentos.

Essas experiências reforçam que, embora existam riscos, os benefícios da DBS podem ser transformadores para pacientes com Parkinson avançado.

Conclusão: A Estimulação Cerebral para Parkinson Vale o Risco? A estimulaçã

A estimulação cerebral profunda é uma opção cirúrgica consolidada para pacientes com Parkinson que não obtêm o controle adequado dos sintomas com o tratamento medicamentoso. Apesar dos riscos envolvidos – como infecção, hemorragia, malfuncionamento do dispositivo e possíveis alterações cognitivas – os avanços tecnológicos e os protocolos rigorosos de avaliação e monitoramento têm minimizado esses problemas.

Para muitos pacientes, os benefícios superam os riscos, proporcionando uma melhora significativa na mobilidade, redução da dependência de medicamentos e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida. Se você ou um ente querido está considerando a DBS, é fundamental discutir todos os aspectos com uma equipe especializada em neurocirurgia e neurologia, que poderá oferecer uma avaliação personalizada e orientações adequadas.

Em resumo, a estimulação cerebral para Parkinson apresenta riscos, mas estes são geralmente bem controlados em centros especializados, fazendo com que a cirurgia seja uma opção viável e eficaz para muitos pacientes. Consulte um especialista para saber se essa intervenção é a melhor alternativa para o seu caso e para entender todos os detalhes do procedimento.

Como funciona a estimulação cerebral profunda
procedimento cirurgico de implante do DBS para o tratamento da Doença de Parkinson
Implante de eletrodo de estimulação cerebral profunda

Dr. Wilson Morikawa Jr.

Publicado por: Dr. Wilson Morikawa Jr. – Neurocirurgião – CRM 163.410 RQE:101438.
Neurocirurgião de São Paulo especialista no tratamento da  dor crônica e espasticidade.

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Tags:
distúrbio do movimento, Doença de Parkinson, Mal de Parkinson, movimentos anormais, neuromodulação

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