A estimulação cerebral profunda (DBS) é um procedimento cirúrgico que envolve o implante de eletrodos de estimulação cerebral. Esses eletrodos são conectados a um gerador de sinais elétricos, que é colocado sob a pele do peito. O gerador envia sinais elétricos para os eletrodos, estimulando áreas específicas do cérebro (Ex: núcleo subtalâmico ou globo palido interno) que são responsáveis pela elaboração movimentos do corpo. O DBS pode ajudar a controlar os sintomas da do Parkinson como tremores, rigidez e lentidão de movimentos (bradicinesia), promovendo melhora significativa na qualidade de vida do paciente.
Qual a indicação da cirurgia?
Atualmente, com a evolução das técnicas de imagem com equipamentos modernos (ressonância magnética e tomografia computadorizada) e das técnicas intraoperatórias, esta cirurgia se tornou bem segura e com resultados excelentes quando bem indicada. Usualmente o paciente com mal de Parkinson antes de optar por realizar o procedimento cirúrgico deve ter um longo acompanhamento por neurologistas e neurocirurgiões especializados na área, com otimização da terapia medicamentosa e com um bom processo de reabilitação em conjunto com a fisioterapia e fonoaudiologia.
A indicação de cirurgia fica restrita aos pacientes que apresentem: diagnóstico confirmado, usualmente com história de mais de 5 anos de doença; boa resposta ao teste com Levodopa; apresente efeitos colaterais aos medicamentos, que podem ser resistência a medicação, fenômenos de “Freezing” e discinesia (movimentos involuntários) induzidas pela medicação.
Como é a cirurgia de Parkinson?
O implante do DBS não é simples e necessita de um centro de alta complexidade como alguns hospitais na cidade de São Paulo oferecem. Além do centro cirúrgico estar adequado para o procedimento, é necessária uma equipe multidisciplinar com um neurocirurgião altamente especializado, equipe de anestesia experiente com procedimentos em pacientes acordados, e biomédico especializado no auxílio do planejamento cirúrgico.
Outro fator importante é a aquisição de imagens de ressonância magnética de alta resolução com protocolos bem estabelecidos e o preparo pré-operatório adequado. Uma ressonância magnética com imagens de qualidade é fundamental para aumentar a precisão durante o implante de eletrodo cerebral profundo, uma vez que o posicionamento final do eletrodo com desvio de alguns milímetros irá prejudicar o resultado do procedimento com um desempenho desfavorável da programação e da neuromodulação cerebral.
A cirurgia é um procedimento longo, com duração de aproximadamente 7 horas, e devido esse período prolongado é essencial a sintonia de toda a equipe com o paciente. Durante a cirurgia o paciente estará acordado e totalmente lúcido em alguns momentos, esse passo é necessário para realização de testes motores e de fala durante o implante do eletrodo. Entretando, apesar de estar acordado, não deve ser uma experiência dolorosa.
Inicialmente, ocorre o implante de o halo de estereotaxia, aparelho que possibilita que o neurocirurgião realize o implante do eletrodo no alvo de escolha durante o procedimento cirúrgico. Após, é realizada uma tomografia computadorizada ou ressonância magnética (a depender da preferência do cirurgião e das possibilidades da estrutura hospitalar) para aquisição de um plano estereotáxico. Com esse plano conseguimos programar o alvo e a trajetória para o correto posicionamento do DBS.
Com a programação feita, ocorre a tricotomia (cortamos o cabelo no local da cirurgia apenas, não é necessário cortar todo o cabelo do paciente), a antissepsia e a colocação de campos estéreis. Este passo, é importante para evitar umas das principais complicações, a infecção cirúrgica, e deve ser rigorosamente seguido. Após todo esse processo a cirurgia pode ser iniciada com segurança.
O implante do DBS é realizado com o paciente acordado para que seja possível a realização da análise neurofisiológica com o microregistro cerebral e com a estimulação neural. Durante essa fase o paciente conversa com a equipe médica e são realizados diversos testes avaliando a resposta da neuroestimulação, assim como os efeitos colaterais. Com essa técnica é possível avaliar que o eletrodo está implantado no local correto e concluir o procedimento.
Quais os riscos da cirurgia?
Um dos principais fatores relacionados ao insucesso da cirurgia é a indicação em um paciente que NÂO tem Doença de Parkinson. Essa correlação parece óbvia, porém no início da doença não é tão fácil a diferenciação de doenças que parecem Parkinson, porém não são. Essas são as chamadas de Síndromes Parkinson Plus e por isso é necessário o acompanhamento por um profissional experiente para conseguir diferenciá-las.
Outros riscos relacionados ao procedimento cirúrgico são: infecção, mal posicionamento do eletrodo, alterações comportamentais, hemorragia intracraniana, piora da fala e contrações involuntárias.
Qual o tempo de internação?
Usualmente, após a cirurgia o paciente permanece de 24 a 48 horas internado para receber antibióticos profiláticos e trocar curativos quando necessário.
Quando é realizado a programação do DBS?
A programação geralmente ocorre após 10 a 14 dias da cirurgia. Este tempo é necessário para a auxiliar na recuperação. A programação do eletrodo de estimulação cerebral profundo é realizada através de uma programadora, que geralmente é um tablet específico para essa função. Através deste aparelho é possível aumentar ou diminuir a amplitude e alterar outros parâmetros como frequência e largura de pulso da estimulação
Se você tem a Doença de Parkinson ou tem algum familiar com esta doença entre em contato com um médico especialista para avaliar se há a indicação do procedimento cirúrgico.
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